31/07/2013 às 13h09
CHEFES SÃO CHEFES! LÍDERES SÃO LÍDERES!

 Por Ernesto Artur Berg

Chefiar é fazer os outros fazerem, diz um dos preceitos organizacionais mais consagrados. Liderar, no entanto, vai além disso, porque, como diz outro preceito, é saber como motivar as pessoas a fazerem. A liderança, portanto tem duas faces: uma é saber motivar (a si mesmo e aos outros) e a outra é dar o exemplo de conduta e saber conviver com os seus liderados. É o conceito do líder servidor. Conheço muitos chefes (diretores, gerentes, supervisores) que possuem autoridade formal para mandar, mas não a capacidade de liderar. A autoridade é intrínseca à função de chefia, mas a liderança é inerente aos que tem competência interpessoal, e isso é mais do que muitos gestores sabem fazer.

     Certa vez eu estava prestando consultoria organizacional a uma empresa de grande porte, e perguntei a um dos gerentes como andava seu relacionamento com os subordinados. "Ah, muito bem", respondeu ele. "Eles não só me respeitam como também têm receio de mim", concluiu. Que grande chefe, hein? Confundir liderança com autoritarismo. Em outra ocasião perguntei ao superintendente da maior empresa de laticínios de certo Estado se ele costumava elogiar seu pessoal quando o serviço era bem feito, ou as metas atingidas. "Nunca", disse ele. "Eles foram contratados para acertar, logo não preciso elogiar alguém por fazer algo bem feito, já que estão aqui para isso", arrematou. Falei, então: "Se o presidente da empresa viesse à sua sala e o parabenizasse calorosamente por você e seu pessoal terem superado as metas do semestre, você gostaria disso?". "Claro, é sempre bom saber que o chefe aprecia o meu trabalho", respondeu o superintendente.

     "Então por que não faz o mesmo com o seu pessoal?", disse-lhe eu. "Certamente eles gostariam muito de ouvir um elogio merecido, também", concluí. Isto pegou de surpresa o executivo. Percebi que ele estava pensando, enquanto coçava o queixo. E a resposta veio rápida: "Só tem um detalhe", replicou ele. "O presidente da companhia jamais me elogiou nesses quatro anos que eu aqui trabalho", rebateu o superintendente, aliviado em poder dar uma resposta convincente. "Talvez seja esse o seu grande equívoco", retruquei. "Você tomou por base o comportamento de seu chefe e o utilizou como modelo. Aliás, um modelo que não deveria ser seguido, porque os seus subordinados estão sofrendo com essa atitude", continuei. "Um elogio sincero e no momento certo pode fazer maravilhas, independente do seu chefe fazê-lo ou não com você", arrematei. Coincidência ou não, depois disso ele passou a elogiar os colaboradores quando o trabalho era bem feito, o que repercutiu favoravelmente em toda a indústria.

 

    Cabe aqui uma pergunta: "Que tipo de líderes estamos habituados a seguir? Estamos lúcidos e conscientes a que tipo de pessoas estamos entregando nossa confiança e, sobretudo nosso futuro profissional?". De um lado vem um indivíduo que se autoproclama líder (seja na política, nas finanças, nas artes, na religião) e tem a solução certa para os nossos problemas. De outro lado, damos, frequentemente, muito crédito a pessoas de nosso relacionamento como se o que falassem fosse a verdade absoluta, sem questionarmos suas afirmações. Que valores morais e éticos, e que princípios esses líderes estão apregoando e querendo "vender-nos"? Um líder autêntico inspira-se nos verdadeiros líderes, aqueles que já comprovaram sua capacidade no dia a dia, e continuamente desenvolve sua própria capacidade. Um verdadeiro líder é ético e sabe como motivar a si próprio e aos seus liderados. Ele concentra seu foco no desenvolvimento das capacidades de sua equipe e em atingir os objetivos e as metas da empresa.


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